quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Editoria Equipe Mídia & Questão Social

EM  OUTUBRO  DOIS  LANÇAMENTOS DE LIVROS DE DUAS BLOG-COMPANHEIRAS ACONTECEM NO RIO E EM SALVADOR



  
"A ética deve acompanhar sempre o jornalismo, como o zumbido acompanha o besouro."
Gabriel García Marquez



A Equipe do Blog Mídia & Questão Social tem o prazer de compartilhar com todos dois acontecimentos que terão o mês de outubro como um desdobramento de três anos atrás, ou, mas precisamente de 11 de setembro de 2010, quando elas estavam "juntas e misturadas", com outros autores do livro Mídia & Questão Social.

Hoje, continuam a espraiar seus pensamentos, experiências cotidianas e profissionais, alimentadas pelas veias jornalísticas e de mestras, sendo essas entrecortadas pelo Serviço Social. São Elas: Ana Lucia Vaz* e Claudia Correia* que fazem, respectivamente, no Rio de Janeiro e em Salvador o lançamento de seus livros.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Editoria Equipe Blog Mídia & Questão Social

MANIFESTAÇÕES & CIDADANIA 

"Cadê o Amarildo? A equipe do Blog Mídia & Questão Social também quer saber: 




Reprodução reportagem Domingo Espetacular 


Toda nossa solidariedade aos familiares e à Comunidade da Rocinha!




Reprodução entrevista Mídia NINJA


Abaixo a violência policial!  Abaixo os métodos inescrupulosos da ditadura!
 

Assista ainda o curta-metragem 'Eu, um Amarildo', com Direção e Edição: Rômulo Cyríaco. Clique aqui.


Equipe do Blog Mídia & Questão Social.


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Editoria Jornalismo na Correnteza

O RUÍDO QUE VIROU GRITO



                                                        Foto: Google


Ana Lucia Vaz*

Cada geração tem seus desafios, suas possibilidades e limites. Há mais de dez anos trabalhando como professora universitária, me convenci de que a minha foi uma geração privilegiada. Entrar na universidade nos anos 1980, quando o Brasil se democratizava, nos permitiu ir às ruas mil vezes, sonhar juntos, construir utopias maravilhosas.

Não sofremos a repressão violenta dos que nos antecederam, mas herdamos deles o poder de sonhar um mundo melhor. Descobrimos a sociedade quando ela se transformava e, arrastados pela onda de mudanças, não foi difícil sonhar tantas outras que poderiam vir. Fizemos muitas festas nas ruas, “sem medo de ser feliz”.

Mas os anos 1990 chegaram com sabor de contra correnteza. Quando comecei a dar aula na universidade, no início dos anos 2000, encontrei uma juventude muito diferente da minha. Me assustei, algumas vezes, com o pragmatismo de meus alunos. A universidade passando por profundas mudanças, alguns poucos mobilizando uma reação, recebo a pergunta da turma, desconfiada de que não “valia a pena” participar: professora, você acha que adianta alguma coisa essa manifestação?” Perguntas que eu só sabia responder ensinando para eles sobre o meu ponto de vista. “ Se vai dar resultado? Não sei. A gente nunca sabe antes de entrar na briga. Mas tenho dificuldade de entender sua pergunta. Porque pra mim, pra minha experiência política, a pergunta principal não era sobre o resultado. Mas sobre a causa. Se é justa vale a pena!”

sábado, 1 de junho de 2013

Cinco Dedos de Prosa


Cinco dedos de prosa 


Blog Mídia & Questão Social
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Entrevista com Beto Moreira e com o Fórum Comunitário do Porto
















Foto: Blog Mídia & Questão Social, 2010.


  “Minha casa, minha vida é o lugar onde eu moro!”
Márcia, moradora do Morro da Previdência


Prezados leitores,

O Brasil começou a “inaugurar” estádios para a Copa do Mundo. Vários deles, segundo a própria imprensa (ver o blog do jornalista Juca Kfouri, da UOL), têm suspeitas e apurações em curso acerca de superfaturamentos. Foram previstos com um custo inicial muito abaixo do que efetivamente já se gastou em sua “modernização”. A imprensa brasileira tem indicado ainda outro efeito destas alterações: a alta dos preços dos ingressos, que tendem a expulsar dos jogos e eventos destes locais segmentos da população que costumavam ter na presença no estádio uma possibilidade de diversão. Outras análises apontam para a grande probabilidade de, em curto espaço de tempo, alguns dos estádios se tornarem inúteis, tendo em vista a baixa utilização prevista para seus espaços.

No Rio de Janeiro, além da Copa do Mundo de 2014, haverá, em 2016, as Olimpíadas. Grandes transformações estão assolando a cidade.

Embora o discurso oficial dos governos e das instituições internacionais prometa deixar “legados”, traduzidos em melhora de condições de vida para a população, não é o que vem ocorrendo. Insegurança, perda de referências culturais, remoções e despejos, autoritarismo na relação com moradores; todas estas vêm sendo práticas e consequências das ações em torno dos jogos que se aproximam.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta


Elas são muitas mulheres
O ACIRRAMENTO DA VIOLÊNCIA MACHISTA E O FIM DO SUPERHOMEM




“O problema são problemas demais
Se não correr atrás da maneira certa de solucionar.”
CHICO SCIENCE


Mione Sales*


A violência contra a mulher, por sua amplitude e gravidade, exige a produção de muitos estudos e pesquisas, e levantamento de dados, de forma a mapeá-la e a contribuir com a formulação de políticas públicas. Como a violência é um fenômeno relacional, a sua decifração requer também a reflexão sobre quem a comete e por que a comete. As hipóteses são muitas. No entanto, ponho-me a refletir, pelo ângulo cultural e social, acerca de um tema candente: a violência do estupro (rape, em inglês, e viol, em francês), especificamente aquela do agressor desconhecido em relação a uma vítima, dele também desconhecida. Sabe-se, contudo, que uma parte significativa dessas agressões contra as mulheres é cometida por um homem conhecido da vítima.

O acaso, porém, muitas vezes, promove encontros infelizes. O ônibus atrasou, perdeu-se o trem, desencontrou-se do amigo, andava-se um tanto quanto distraída, talvez pensando nos problemas do coração ou do bolso, ante a ameaça iminente de perda do emprego ou da chance ainda não vingada de um primeiro trabalho, resolveu-se pegar um atalho por uma rua um pouco mais deserta, saiu-se da reunião para ir ao banheiro do campus universitário, tinha que ir embora logo, pois senão ia levar bronca da mãe, entre outros. O que, na maioria das vezes, constitui um risco é a combinação explosiva de um horário avançado mais um local ermo, e sobretudo a situação da mulher estar sozinha na rua, no carro, no estacionamento ou a fazer jogging, com os seus fones de ouvido. Se a música ajuda a dar ritmo e coragem de se manter em forma, as mulheres deixam de contar com o auxílio precioso de sinais, como o barulho dos passos de aproximação do agressor.

A gratuidade desta violência aleatória, cuja vítima poderia ser qualquer mulher que atravessasse o caminho do agressor choca as pessoas em geral e sobretudo a nós,  feministas. Este tipo de violência, no entanto, abate-se também sobre outras vítimas da violência banalizada e homófoba da sociedade, com o estupro e por vezes o assassinato também de homossexuais, travestis ou simplesmente jovens gays. Se nem sempre estão a portar vestimentas que façam apelo ao desejo masculino – velho argumento que faz parte da cantilena conservadora que tenta justificar o porquê deste tipo de agressão -, o que chama atenção em ambas formas de violência é o componente misógino nelas inscrito. A feminilidade, portanto, e tudo a ela relacionado parece consistir numa potencial forma de risco.

sábado, 30 de março de 2013

Editoria Fazendo Arte & Educação

Um MAR de contradições:
a arte nas escolas da prefeitura do Rio de Janeiro


Fonte: Google


Ricardo Pereira e Dione Lins*


Em 2012, com a chamada de novos professores de Artes Visuais, Artes Cênicas e Música para atender as turmas da Educação Infantil ao 5° ano do Ensino Fundamental da Rede de Ensino Municipal do Rio, acreditávamos que a Prefeitura estava finalmente implementando o ensino de Arte em todos os segmentos das escolas no município. Mas, logo percebemos que a medida se restringia a cumprir a legislação em vigor sobre a obrigatoriedade de o professor (neste caso, o PII, o qual trabalha com o segmento citado) ter 1/3 da sua carga horária para planejamento. Todos os professores – antigos e novos - foram obrigados a cumprir a carga horária de 1 tempo semanal por turma no segmento do EI ao 5º ano. Ou seja, um professor de Arte, hoje na rede, com uma matrícula pode ter até 12 turmas e os que têm 2 matrículas, até 24 turmas, caso atenda apenas este segmento. Resultado: professores extremamente cansados, estressados e desestimulados.

Ainda no início do ano (para cumprir outra Lei – a de obrigatoriedade do ensino da Música) a SME orientou colocar a disciplina música no 6° ano. Mais uma decisão tomada sem a consulta aos principais interessados – professores e alunos. Neste caso, a decisão foi revertida, pois não havia o número suficiente de professores para atender as classes nem tampouco uma explicação plausível para o 6º ano ter música e os demais anos não. 

No final de 2012, a SME manda acabar com os Núcleos de Extensão, onde se incluem os Núcleos de Arte. Tais núcleos realizam há décadas trabalhos de desenvolvimento do conhecimento em Arte e produção artística. A mobilização de professores, pais e alunos destes núcleos fez com que a secretaria voltasse atrás. Mesmo assim, muitos Pólos de Educação para o Trabalho e Clubes Escolares foram fechados.

terça-feira, 12 de março de 2013

Editoria Volta do Mundo, Mundo dá Volta


RETRATOS FALADOS
ou sobre alteridade e esperança
  


   

  
Mione Sales*

« Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
(…)
Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens »
.

FERNANDO PESSOA

« Mulher lendo » - Picasso

Folheava meio a esmo um livro de crônicas e comecei a ler algo que me interessou. Era de Clarice Lispector. Gosto muito do jeito corriqueiro, quase banal que ela empresta aos seus escritos… Sempre algo fortuito a conduz para o labirinto profundo dela e de nós mesmos. Nessa leitura rápida, gostei em particular da crônica « Uma Encarnação Involuntária », talvez por já ter experimentado sensação semelhante. Dizia a personagem-narradora:

As vezes, quando vejo uma pessoa que nunca vi, e tenho algum tempo para observá-la, eu me encarno nela e assim dou um grande passo para conhecê-la. E essa intrusão numa pessoa, qualquer que seja ela, nunca termina pela sua própria auto-acusação: ao nela, me encarnar, compreendo-lhe os motivos e perdoo. Preciso é prestar atenção para não me encarnar numa vida perigosa e atraente, e que por isso mesmo eu não queria o retorno a mim mesma.

Num ônibus carioca certa vez fui tomada de enorme empatia por alguém que eu jamais vira antes. Tratava-se de um homem. Um jovem trabalhador, como tantos outros. Uma pessoa comum. No entanto, a dureza percebida nos seus traços, a falta de beleza, uma espécie de desamparo existencial tocaram-me. Sua presença ali a pouco mais de um metro conferia-me a certeza de que aquela pessoa era real e tinha, como eu, uma vida, por mais difícil que fosse a sua: uma vida que de algum modo lhe dava um sentido para levantar, trabalhar, lutar ou simplesmente se revoltar por tudo isso.  Eu não o conhecia e nem por isso, ele deixava de existir. Fechava e abria os olhos e ele continuava ali, na minha frente, existindo. Como aquele homem, milhões. O mundo vai continuar girando, cada vez mais veloz, a despeito de mim e de nós. Por mais que a consciência das coisas seja marcada por uma indelével pegada subjetiva, as coisas e o mundo existem à revelia de mim: aquele trabalhador, o ônibus, ou os versos e tabuletas de que falava o poeta Fernando Pessoa.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Editoria Caleidoscópio Baiano

Devaneios de viagem

(Ou como entender o mundo e a si mesmo com o pé na estrada)
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Claudia Correa*


Enfim, de volta ao nosso blog, reestreando na produção de artigos neste início de 2013 para compartilhar reflexões e sonhos. Ainda é tempo (antes que o festejado Ano Novo envelheça) de desejar a todos um ano rico de criatividade, paz e muitos projetos realizados para todos nós.

Em férias, de passagem pelo Rio e Paraty neste janeiro de esquentar até baiano, alguns fatos me chamaram atenção no cenário da eterna “cidade maravilhosa”. Na verdade, o poeta tem razão: o Rio de Janeiro continua lindo, continua sendo o “coração do meu Brasil”. Alguns podem dizer que meu olhar de viajante não conta, turista é sempre deslumbrado, complacente. Quem vive o cotidiano urbano é quem sabe as mazelas e os problemas que transformam qualquer paisagem paradisíaca em um inferno. Ainda assim, o olhar “estrangeiro” é sincero, resgata aspectos da realidade que superam a banalização daquele que já se acostumou com as imagens e seus significados no dia a dia de um lugar. Por acreditar que esta percepção também é legítima, arrisco compartilhar algumas impressões e reflexões que marcaram minha rápida passagem pelo ensolarado (e chuvoso )Rio.




Toda vez que viajo gosto de comprar jornais locais para me inteirar do contexto, conversar com jornaleiros, motoristas de taxi e de ônibus e pessoas comuns, principalmente as que tem muito contato com o público, como porteiros e garçons. Sempre acreditei que elas traduzem bem o modo de ver e viver o lugar, são “a alma” viva da cidade.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Editoria Web@Tecno

NAS RUAS, O EXÍLIO DOS INCONSCIENTES:

 Será possível "forçar portas, inventar saídas"?!



Museu do Insconciente: Obra de Davi Pereira da Silva 
Sem título - Outubro 2000 Óleo sobre eucatex 55 x 71 cm


"O osso da fala dos loucos têm lírios"
Manoel de Barros


Nelma Espíndola*


O seu codinome era Coronel, seguido da alcunha de "Fura Poço".  A imagem desse homem com quem convivi num certo período de minha adolescência me veio à mente. As lembranças me chegaram, num misto de saudade, ponteada de tristeza e enternecimento.

Um velho negro, andarilho das ruas de meu bairro àquela época. Um ser social simbólico, que fazia dos seus delírios uma afirmação de existência. Vivia a sua história personificada de “coronel”, cujo uniforme militar, se compunha de um casaco azul, calça comprida, botas e um quepe, ganho de alguém que alimentava o seu devaneio. Nada simbolizava um uniforme autêntico. O visível em suas vestimentas era só o desgaste feito em cada peça, com o tempo.  No peito de seu casaco, muitas fitas amarradas com medalhas e latas penduradas. Nunca vi nenhum familiar dele.  Sua casa por vezes era  nas calçadas ou na praça.

Hoje, percebo, que de fato, eu, meus amigos e todos os que o ajudavam, de algum modo, se constituíam em membros de sua família, mesmo que para ele e para nós, naquele dado momento essa representação social nunca tenha se clarificado.  Talvez esse sentimento seja a manifestação da impotência e ignorância, repensados hoje. Esse resgate de culpa, consequência da omissão na luta concreta de se fazer valer os seus direitos e a proteção social, que lhe garantissem o atendimento digno e respeitoso à sua saúde mental.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Editoria Jornalismo na Correnteza

O mundo que não se revela a quem olha de fora
Uma jornalista às voltas com o serviço social: encantamento e vertigem




 Ana Lúcia Vaz*


Desde junho, trabalho como jornalista no Conselho Regional de Serviço Social do Rio de Janeiro. Minha responsabilidade principal é atualizar o site e produzir as matérias para a revista PRAXIS. Neste pouco tempo, já pude participar de alguns eventos e debates significativos da categoria, como o Encontro Nacional do Conjunto CFESS/CRESS.

Há sempre, nesses encontros, um sentimento ambíguo, de reconhecimento e estranhamento. Em alguns momentos, me sinto revivendo a militância estudantil dos anos 80. Em outros, recapitulo experiências dos quase dez anos de imprensa sindical.

Atualmente, estou mais envolvida com lideranças de movimentos sociais de favela e ocupação urbana. São pessoas que trazem questões bem concretas da vida, do mundo que pouco enxergo com meus próprios olhos. Ainda assim, ouvir assistentes sociais tem sido uma experiência única para conhecer aspectos, em geral invisíveis, do mundo ao meu redor.